No nosso artigo anterior falamos um pouco sobre a forma de começar um biótopo a partir do que temos no nosso aquário comunitário. Como este artigo será um pequeno tutorial, utilizaremos um exemplo prático muito simples.
O primeiro que devemos fazer é uma lista dos peixes e plantas que temos no nosso aquário comunitário; determinaremos as espécies, investigaremos o seu lugar de origem e os seus parâmetros básicos como a temperatura, pH e dureza da água – deves ter a certeza de contar antes com os testes necessários para medir esses parâmetros no teu aquário – e, a seguir, faremos uma pequena tabela como esta:
Nome comum | Espécie | Lugar de origem | Temp. | pH | Dureza |
Acará-Bandeira | Pterophyllum scalare | Trópico amazónico, América do Sul: Peru, Equador e algumas outras zonas | 24-28 °C | 6,0-7,0 | 2-10 ° dGH |
Congo Tetra | Phenacogrammus interruptus | Bacia central do rio Congo | 24-26 °C | 6.5-7.2 | 7-8 ° dGH |
Bótia-palhaço | Botia macracantha | Indonésia, Sumatra e Bornéu | 22-26 °C | 6.0-7.2 | 5 ° dGH |
Coridora-leopardo | Corydoras trilineatus | América do Sul: Suriname, Brasil (Amazónia central, rios Caeté e Paraím), Peru (Loreto, Ucayali, rio Marañón, Morona, Ampiyacu, Yavari e Ucayali, além da lagoa Yamaricocha), Equador (rios Napoo, Pastaza e Capanuari) | 22-26 °C | 6.0-7.2 | 2-15 ° dGH |
Ciclídeo anão | Papilochromis ramirezi | Bacia do rio Orinoco, Venezuela (rios Amana, Palenque, Guarico e Guariquito) e Colombia (rios Meta e Vichada) | 25-29 °C | 4.0-7.0 | 5-10° dGH |
Samambaia de Java | Microsorum pteropus | Regiões tropicais do sudeste asiático | 20-28 °C | 6.0-7.5 | 3-20° dGH |
Echinodorus parviflorus “Tropica” | Echinodorus parviflorus | América do Sul: Peru e Bolívia | 22-28 °C | 6.0-7.8 | 4-15° dGH |
Anubia anã | Anubias barteri | Serra Leoa na África Ocidental | 20-28 °C | 6.0-7.5 | 2-13° dGH |
Vallisneria | Vallisneria spiralis | Europa e Norte da África, cosmopolita pela ação humana | 15-30 °C | 6.0-7.5 | 3-15° dGH |
Se olharmos bem nas colunas de temperatura, pH e dureza, veremos que um Acará-Bandeira não pode ficar por baixo dos 24º C. Se a temperatura for mais baixa, o Acará-Bandeira não se desenvolverá adequadamente e adoecerá com maior facilidade. Contudo, uma temperatura com mais de 26º C representa um problema para o bótia-palhaço. O mesmo para os pH e a dureza; nestes casos tomaremos sempre como limites o valor mais baixo e o valor mais alto. Se observarmos nesta hipotética lista, alguns valores são comuns (estão marcados em roxo); apesar de não partilhar biótopo, poderiam ser parte do mesmo aquário. Contudo, como queremos construir um aquário biótopo, devemos decidir se criar ou um biótopo sul-americano ou africano/europeu.
Outro fator que deveríamos adicionar é o tamanho do aquário em proporção ao tamanho e comportamento dos nossos peixes quando forem adultos. Por exemplo, um Acará-Bandeira precisa de um mínimo de 40 L e tem uma esperança de vida, ao redor dos 8 anos. Um Bótia-palhaço vive ao redor de 10 anos, mas precisa relacionar-se com outros da sua espécie, por tanto precisaremos um cardume e, por tanto, pelo menos 50L para eles. Um ciclídeo anão não cresce tanto como o Acará-Bandeira, e tem uma esperança de vida menor no aquário (ao redor de 3 anos), mas convivem em casais, são de natureza agressiva e muito territoriais, por tanto precisam de pelo menos 60 L.
A partir de todos esses dados podemos iniciar o nosso aquário biótopo. Os demais peixes e plantas podes oferecer de presente, vendê-los ou intercambiá-los ou, porque não fazer outros aquários biótopos? O único que nos restaria fazer é voltar aos livros para selecionar os companheiros adequados ao nosso tamanho de aquário e biótopo, assim como as plantas, tipo de substrato e decorações que precisaremos para terminar de construí-lo. Evidentemente deves vigiar a sua correta manutenção com os testes para que possas ter um aquário biótopo não só bonito, mas também saudável.
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