A encefalitozoonose está presente em mais de 50% dos coelhos domésticos, mas a doença permanece em um estado latente e assintomático, sem prejudicar a sua saúde nem a das pessoas que convivem com eles.
A encefalitozoonose é uma doença muito temida entre as pessoas que convivem com coelhos como animais de estimação. Trata-se de um fungo parasita intracelular que infecta o coelho e prejudica vários dos seus órgãos como os olhos, o rim e o sistema nervoso. É muito importante saber que esta doença apenas causa doença nas pessoas imunossupressores (por exemplo com câncer ou VIH), as demais ficam fora de risco.
Devido a que cada vez são mais frequentes os casos de abandono de coelhos a causa desta doença, é necessário conhecer algumas coisas sobre ela como: o que é? como se transmite? é perigosa para as pessoas? pode ser curada?
O que é a doença Encephalitozoon Cuniculi?
A encefalitozoonose é uma doença causada por um parasita interno tipo fungo pertencente à família dos microsporídios. Ainda que afeta principalmente os coelhos, pode afetar também outras espécies como os hamsters, os ratos, as cobaias, as raposas, os primatas, os cães…até mesmo as pessoas.
É um parasita que se introduz nas células e se reproduz, as infecta e produz uma inflamação nos órgãos afetados.
Como se produz a infeção?
A transmissão do Encephalitozoon cuniculi se produz por via horizontal e vertical (da mãe para as crias). Nos coelhos acontece, principalmente, de forma horizontal, através do consumo ou da inalação de esporos segregados através da urina de um coelho infectado.
O parasita percorre diferentes órgão até instalar-se no cérebro, os olhos e os rins.
Sintomas das encefalitozoonose
A doença acontece com diferentes manifestações, principalmente, neurológicas; é muito comum a inclinação da cabeça. Entretanto, o coelho pode estar infetado e não desenvolver nunca a doença. Acredita-se que aproximadamente 50% dos coelhos domésticos poderiam ser positivos, mas o seu sistema imunológico consegue controlar o parasita. Nestes casos, o coelho é assintomático.
Quando nos encontramos com sinais neurológicos podemos observar, além da cabeça virada: decaimento, dificuldade para coordenar os movimentos, falta de equilíbrio, parálise nas patas de trás e, em casos extremos, parálise completa. Também pode produzir-se um movimento involuntário e incontrolável dos olhos e mudanças de comportamento.
Com relação aos sinais oculares, pode aparecer uma inflamação nos olhos que acabe por provocar a rutura do cristalino.
Quando a doença afeta o rim acontece com problemas renais como a polidipsia (bebem muita água), a poliúria (urinam muito), desidratação, perda da fome e de peso.
Tratamento do Encephalitozoon cuniculi em coelhos
Para controlar a doença utiliza-se um tratamento sintomático para atacar os esporos e evitar a imunossupressão. O fármaco escolhido, por preferência, é o Fenbendazol, um eficaz antiparasitário que se utiliza para deter a infeção e também como método preventivo em coelhos assintomáticos. Além do mais, também previne o contágio.
O tratamento não mata o parasita, nem cura a doença, mas evita a sua duplicação nas células e retarda o crescimento o que faz com que permaneça em um estado latente. Os sintomas de um coelho doente podem desaparecer por completo ou parcialmente, pois às vezes ficam sequelas.
O Encephalitozoon é perigoso para as pessoas?
Mesmo que se estime que 50% dos coelhos estão infetados sem apresentar sintomas nem manifestar a doença e que o parasita afeta a outros animais, não foi detetada infeção em pessoas com animais de estimação, por tanto não é perigoso.
No raro caso de infeção, o sistema imunológico elimina os parasitas de maneira natural, causando uns sintomas leves e inofensivos que desaparecem facilmente, inclusive sem tratamento. É por este motivo que o Encephalitozoon cuniculi é perigoso para os animais ou para as pessoas imunossupressoras, pois o seu sistema imunológico não é capaz de combater as infeções como o faria se estivesse saudável.
As pessoas e os animais com um sistema imune forte não se infetam do parasita nem adoecem, por tanto não implica nenhum risco para a sua saúde. Unicamente devem ter precaução as pessoas com imunodeficiência: doentes de VIH, pessoas que tenham recebido um transplante de órgão, etc.
Ajudante Técnico Veterinário especializada em etologia canina. Tiendanimal me permite trabalhar no que mais me apaixona: o mundo animal. Consigo conciliar o meu trabalho com voluntariados em protetoras, santuários, reservas e qualquer evento ou atividade relacionada. Tenho participado de diversos seminários e cursos relacionados com a educação canina, as aves, a primatologia e muito mais. Desfruto a aprender cada dia mais destes incríveis companheiros com os que temos a sorte de conviver.