Quando um gato morde pode ser por muitas razões, mas não devemos perder de vista o fato de ele ser um animal caçador por natureza e como tal uma das brincadeiras preferidas dele é estar à espreita e a caça. Devemos conhecer a forma de promover este divertimento desde a chegada do animal ao lar, de forma agradável para o nosso amiguinho, mas segura para nós.
Agressão por diversão
Não devemos acostumar ao gatinho a brincar com as mãos. Pode parecer engraçado quando os dentinhos de leite são apenas agulinhas, mas quando o nosso gatinho crescer, vai tornar-se um gato adulto com a dentição completa e desenvolvida. Nesse momento a brincadeira não será tão agradável para nós, embora para ele continue a ser um divertimento e, além disso, não vai perceber que fiquemos irritados por algo que nós próprios consentimos.
É preferível brincar sempre a usar os brinquedos adequados que mantenham as nossas mãos afastadas das garras e dos dentes do nosso gato. Podemos usar os bastões ou varas, que simulam presas, e ativá-los durante os momentos de diversão, já que o animal adora o movimento e, assim que pararmos de brincar com ele, a atividade perde interesse e acaba por ir embora para fazer qualquer outra coisa.
Outra forma de evitar a brincadeira de caça e a espreita dos gatinhos empenhados em “caçar” a parte baixa das nossas calças, as saias ou os chinelos em movimento quando vamos de um lado para outro da casa, consiste em desviar a atenção para algo muito mais atrativo, como por exemplo, bolas ou ratinhos de cores vivas e com penas, amarrados com uma corda longa à cintura para se tornarem uma presa para eles.
Os gatos desfrutam muito com esta atividade e aprendem a diferenciar o que é um brinquedo do que não é.
Podes também pendurar uma bola, amarrada com uma corda a uma altura que incentive o teu gato a saltar para mexê-la (por exemplo, à maçaneta da porta) e o mantenha ocupado, ao tentar baixá-la.
Quando mordem por sobre-estimulação
De certeza parece-te familiar a situação na que estás a acariciar o teu gato enquanto estás a ler ou a ver a televisão e, de repente o animal pendura-se da mão com as unhas e os dentes. Nestes casos, o melhor é ficar imóvel, dado que com o menor movimento poderias desencadear um ataque de verdade. Em ocasiões, lançar algo longe de nós, redirige a atenção do gato, mas normalmente se nos quedarmos quietos em pouco tempo o gato perde o interesse e se afasta.
O que não vimos, antes da tentativa de agressão, são todos os sinais que o gato nos mostrou através da linguagem corporal (todos podem gostar das carícias, mas o excesso pode incomodar). A próxima vez, observa: a chave costuma estar no rabo, já que se começar a mexer de um lado para o outro, é o momento ideal de parar a sessão de carícias. Cada animal tem o seu próprio nível de tolerância e é a nossa responsabilidade como proprietários conhecê-lo e respeitá-lo.
O ventre dos gatos é uma zona hipersensível. É raro que um gato suporte durante longo espaço de tempo as carícias nessa zona, dado que provavelmente é a região mais vulnerável do corpo felino. Não devemos esquecer que um gato que se deita de lado, tem todo o arsenal felino (boca e garras) disposto para se defender no caso de considerá-lo necessário. Em gatos que não conhecemos, nunca devemos coçar na barriga embora a ofereça.
Se for o teu gato e comprovares que, enquanto estás a acariciá-lo, ele se relaxa, estica as patas e ronrona, poderás continuar mais um bocado, mas sem exagerar na pressão sobre os laterais e o ventre.
Se de repente ele deixar de ronronar, se curvar, dilatar as pupilas e encolher as orelhas, o melhor é que deixes a sessão de carícias para outra ocasião, já que se não parares de imediato, de certeza que o teu gato vai advertir-te de uma forma desagradável.
Rosa Roldán – Perrygatos
Técnico em comportamento canino e felino. Educadora canina