Quando preparas um terrário pode resultar atrativo a ideia de criar o teu pequeno ecossistema colocando várias espécies diferentes para que convivam no mesmo habitat. Esta parece uma boa ideia, mas na realidade é muito difícil de levar a cabo e deixa-se somente para expertos depois de muita investigação.
Para começar, cada espécie têm diferentes requerimentos para o seu habitat, ainda que venham de climas parecidos. No seu ambiente natural ocupam diferentes nichos do ecossistema, como por exemplo uns vivem em árvores e outros ao nível do chão, alguns vivem na água e outros somente vivem na terra. Em cada um destes nichos as condições ambientais apresentam leves variações que são importantes de reproduzir ao ter um animal em cativeiro.
Outro aspeto a ter em consideração é que um terrário para mais de uma espécie têm de ser muito maior e, por tanto, é mais difícil de manter. É necessário dar a cada réptil o seu espaço para descansar e alimentar-se e que interatuem apenas ocasionalmente, como o fariam no seu meio natural.
As espécies carnívoras não duvidaram em atacar a um companheiro de jaula caso seja menor, ainda que naturalmente sejam só insetívoras. Além disso, as espécies que não costumam conviver podem estressar-se muito por causa da pressão do outro, e isto pode levar a lutas e enfrentamentos.
Outro problema é que muitos répteis albergam microrganismos (sejam parasitas, vírus ou bactérias) que não lhes provocam nenhum problema que podem deixar doentes outras espécies que não tenham imunidades desenvolvida contra eles.
Se recém começas a experiência de manter um réptil em cativeiro recomendo-te seguir com apenas uma espécie até que aprendas tudo o que necessites e consigas equilibrar uma boa dieta e criar um ambiente apropriado durante muito tempo. Se com os anos continuas interessado no tema, podes investigar bem e conversar com outros que tenham mais experiência e somente aí tenta misturar espécies. Averigua que animais podem conviver sem estressar-se e sem risco de ficar doente ou morrer “nas mãos” do seu companheiro de jaula. Recorda também que alguns répteis podem viver muitos anos, incluso mais do que tu e deves prever tudo para não deixá-los desamparados.
Dra. Isabel Iglesias